Em audiência no Congresso Nacional, CNM critica Programa Cartão Reforma
15/02/2017

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) participou na tarde desta terça-feira, 14 de fevereiro, de audiência pública na comissão mista encarregada de emitir parecer sobre a Medida Provisória (MP) 751/2016, que cria o Programa Cartão Reforma. O consultor da entidade André Amorim questionou sobre a viabilidade de implementação da medida, pelos Entes federativos, tendo em vista os custos operacionais previstos na MP.
Amorim alertou os parlamentares para as dificuldades financeiras já enfrentadas pelos Municípios e criticou a falta de previsão de recursos suficientes para custear a operação do Programa. “Da forma como está o estruturado o Programa Cartão Reforma, os prefeitos vão ter um trabalho de Hércules”, destacou.
A CNM apontou que, apesar de a MP tratar os entes locais como apoiadores, a realidade é outra. Isso porque, na estrutura do Programa, os Municípios são os braços executores da medida, desde o cadastro e a fiscalização, até a seleção das casas e o acompanhamento, como listou aos parlamentares o representante da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Álvaro Lourenço. E o Programa não prevê nenhum incentivo financeiro para a formação do cadastro – a exemplo do que ocorre no Bolsa Família –, sendo tudo isso custeado e operacionalizado pelas Prefeituras.
Além disso, há uma previsão de 15% dos benefícios para apoiar a prefeitura na contratação da equipe de assistência técnica. No entanto, a equipe de assistência técnica deverá ter vínculo formalizado com a Prefeitura. O ponto foi apontado durante a audiência pelo próprio Ministério da Cidade, gestor do programa. A Confederação ressalta que o Programa tem uma previsão de execução anual, mas o repasse é feito de uma vez só. Nesse sentido, o peso fiscal do vínculo continuará com a Prefeitura, mesmo com a incerteza do recebimento de novos benefícios no ano seguinte.
Ainda na audiência, foi citado que o volume de recursos aportados para 2017 será de R$ 1 bilhão, sendo que o limite para cada ação é de R$ 5 mil. “Diante disso, se a gente pensar que para o cadastro do Bolsa Família é repassado em torno de R$ 37 milhões por mês, vai ser difícil fomentar esse cadastro entre as Prefeituras”, alerta Amorim.
Alterações

Caso isso não seja alterado, essa MP será transformada em mais um programa que irá pesar muito para o orçamento municipal, dada a série de atribuições e o efeito grande para viabilizar a execução do programa. “A nossa preocupação é que o texto venha a incorporar novos recursos”, destacou Amorim.
Sobre a MP
O Programa tem como objetivo subsidiar a aquisição de materiais de construção destinados à reforma, à ampliação ou à conclusão de imóveis de famílias de baixa renda, com assistência técnica para acompanhamento das obras. A iniciativa tomou como base o programa Cheque Moradia, criado em Goiás, em 2011, e reproduzido em outros Estados brasileiros, como Bahia e Pará.
A medida exige contrapartida da família, que será responsável pela mão de obra a ser utilizada na reforma. As famílias serão cadastradas nos Municípios por meio de programa de computador que avalia as condições sociais dos interessados. O acompanhamento do programa é feito pelo Ministério das Cidades.
Prorrogação
Também nesta terça-feira, em razão da necessidade de adequação do texto, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Eunício Oliveira, prorrogou por mais 60 dias o prazo de vigência da MP que cria o Programa Cartão Reforma. A decisão foi publicada nesta terça-feira (14) no Diário Oficial da União.
Veja aqui a publicação.
Fonte: Portal CNM